top of page

Estudo revela que os insetos polinizadores garantem mais de 2 mil milhões de euros anuais à agricultura portuguesa

A amêndoa é uma das culturas portuguesas mais beneficiadas pela polinização
A amêndoa é uma das culturas portuguesas mais beneficiadas pela polinização

A Universidade de Coimbra alerta para as ameaças crescentes aos polinizadores, incluindo a intensificação agrícola, a simplificação da paisagem, as alterações climáticas e a urbanização, que podem comprometer a sustentabilidade da produção agrícola e gerar défices de polinização, em especial na maçã, framboesa, pera, abacate, tomate, mirtilo, amêndoa, kiwi, laranja e morango

 

VIRGÍLIO AZEVEDO

 


Um estudo pioneiro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) revela, pela primeira vez, o valor económico dos polinizadores para a agricultura em Portugal: mais de 2 mil milhões de euros em 2023, dos quais cerca de metade (1,1 mil milhões de euros) são diretamente atribuíveis à ação dos insetos polinizadores, como abelhas selvagens, moscas-das-flores e outros insetos.

 

A nova investigação alerta para as ameaças crescentes aos polinizadores, incluindo a intensificação agrícola, a simplificação da paisagem, as alterações climáticas e a urbanização, que podem comprometer a sustentabilidade da produção agrícola e gerar défices de polinização.

 

O estudo, publicado na revista científica internacional “Regional Environmental Change”, foi desenvolvido por investigadores do FLOWer Lab do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC. Os investigadores revelam que 54% das culturas agrícolas produzidas em Portugal dependem diretamente dos polinizadores. Catarina Siopa, primeira autora do estudo, explica que «o valor económico calculado tem origem não só nas culturas altamente dependentes da polinização como também nas culturas com menor grau de dependência, mas de grande importância económica”. As culturas mais beneficiadas pela polinização “incluem maçã, framboesa, pera, abacate, tomate industrial, mirtilo, amêndoa, kiwi, laranja e morango”.


Os polinizadores são um pilar da economia agrícola nacional. Sem eles, muitas das culturas mais valiosas em Portugal deixariam de ser economicamente viáveis
Os polinizadores são um pilar da economia agrícola nacional. Sem eles, muitas das culturas mais valiosas em Portugal deixariam de ser economicamente viáveis

Polinizadores influenciam quantidade e qualidade nutricional produzida 

Os polinizadores não influenciam apenas a quantidade produzida, mas também a qualidade nutricional, o tempo de prateleira e a capacidade de conservação dos produtos agrícolas, gerando benefícios múltiplos, muitos deles ainda difíceis de quantificar. Embora a área agrícola total em Portugal tenha diminuído 49% desde 1980, a área dedicada a culturas dependentes de polinizadores aumentou 36% na última década, refletindo a expansão de culturas mais rentáveis e que dependem da polinização, como frutas frescas, frutos secos e hortícolas.

 

«Os polinizadores são um verdadeiro pilar da economia agrícola nacional. Sem eles, muitas das culturas mais valiosas em Portugal deixariam de ser economicamente viáveis», afirma a docente e investigadora Sílvia Castro, coautora do estudo.

 

Os resultados apresentados fornecem uma base científica sólida para o desenvolvimento de políticas agrícolas e ambientais, reforçando a necessidade de integrar medidas de conservação de polinizadores na gestão agrícola, nos programas de apoio ao setor, e nos planos de ordenamento do território, assegurando a resiliência e sustentabilidade da agricultura em Portugal.

 

 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page