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Poluição luminosa e mudanças no estilo de vida estão a alterar o ciclo menstrual

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A iluminação com lâmpadas LED 'obscurece’ os ciclos naturais da luz da Lua

 

Estudo científico conclui que a maior exposição à luz artificial LED à noite enfraquece a sincronização do ciclo menstrual com o ciclo lunar

 

VIRGÍLIO AZEVEDO

 

Desde que chegaram ao mercado, as lâmpadas LED têm sido sempre apresentadas como uma alternativa fantástica. Assim,  consomem menos 75% de energia do que a iluminação incandescente; duram 35 a 50 vezes mais do que a iluminação incandescente e cerca de 2 a 5 vezes mais do que a iluminação fluorescente; produzem muito pouco calor, reduzindo assim os custos de refrigeração; não se partem como uma lâmpada de vidro; não emitem raios infravermelhos e ultravioletas, o que oferece mais segurança a quem as utiliza.

Em suma, a lâmpada LED (Light Emitting Diodes, em português Diodo Emissor de Luz) é um dispositivo eletrónico que gera luz ao mesmo tempo que consome pouca energia, pelo que apresenta uma vida útil mais longa e um menor impacto ambiental. A sua popularidade reflete também a tendência mundial de se adotar um estilo de vida mais sustentável para o Planeta. Com efeito, ao contrário das fluorescentes, as lâmpadas LED não apresentam substâncias tóxicas e poluentes, como o mercúrio.

Mas tudo o que tem uma frente tem um dorso, e quanto maior é a frente, maior é o dorso. Assim, a luz LED é muito mais potente do que a luz das lâmpadas convencionais e contem muita luz azul, à qual os seres humanos são muito sensíveis. E um estudo científico liderado pela cientista Charlotte Helfrich-Forster, da Universidade de Wurtzburg, na Alemanha, e publicado na revista Science Advances, concluiu que “a poluição luminosa, que aumentou significativamente nas últimas décadas, juntamente com a mudança do nosso estilo de vida, que leva a uma maior exposição à luz artificial à noite, enfraqueceram fortemente a sincronização do ciclo menstrual com o ciclo lunar”, isto é, com as fases da Lua. E este facto deve-se à adoção generalizada da luz artificial LED.


Estudados os ciclos menstruais de 176 mulheres

Os ciclos menstruais de 176 mulheres registados antes da introdução das lâmpadas LED em 2010 e do uso extensivo de smartphones, “sincronizavam significativamente com a Lua”, assinala o estudo, “enquanto os ciclos após 2010 sincronizavam com a Lua principalmente em janeiro”. A hipótese avançada pela equipa que fez o estudo é que as elevadas forças da gravidade da Lua e do Sol sobre a Terra que se verificam em dezembro e  janeiro “são suficientes para essa sincronia”, porque a Terra está mais próxima do Sol, enquanto a crescente exposição à luz artificial LED à noite nos outros meses “interfere na sincronia”.

A investigadora italiana Sara Montagnese, co-autora do mesmo estudo, sublinha que “ a luz artificial à noite não só ‘obscurece’ os ciclos naturais da luz da Lua, como também encurta a duração do ciclo menstrual, o que, por sua vez, reduz a probabilidade de sincronização com o ciclo lunar”. Como “a duração do ciclo menstrual é um marcador da fertilidade feminina dependente da idade, as nossas conclusões no estudo podem ser também relevantes para a fertilidade e a contraceção”.

 
 
 

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